Como improvisar melhor na guitarra
Desde que iniciei o Máquinas de Música eu recebo vários emails do leitores como você que tem dificuldades em desenvolver na arte do improviso.
Olhando os posts anteriores no Máquinas de Música você deve ter percebido que normalmente eu não posto assuntos relacionado a técnicas de guitarra, ou como aplicar a escala X ou Y.
No entanto, hoje eu vou compartilhar com você os passos que eu apliquei (e ainda estou aplicando) para desenvolver minha capacidade de improvisar e tocar junto com outras pessoas.
Não espere dicas técnicas, aplicações de escalas, quando usar a técnica Y ou X ou qualquer outra coisa do tipo.
Hoje eu vou falar sobre algumas estratégias que eu usei e você pode usar para acelerar o seu desenvolvimento e para tornar o seu tempo de prática muito mais efeito.
Alerta:
Até hoje eu não descobri um método que não envolva praticar bastante até ficar e soar bem. Em música, como em várias outras coisas, não existe uma fórmula mágica que substitua prática contínua.
1 – Aprenda licks, escalas e conceitos que você usará no improviso
O primeiro passo começa com o estudo de licks e escalas que você poderá usar na hora de improvisar.
Se você tiver pensado em algo grandioso, como aprender todos os modos gregos de bla bla bla – não é disso que eu estou falando.
O que estou sugerindo é: aprender alguns licks simples de artistas que você gosta e começar a implementá-los no passo 2.
Sabe aquele solo legal do Pink Floyd que você gosta? Que tal tirar um pedacinho do solo e começar a usá-lo em contextos diferentes (veja o passo 2).
Você pode fazer o mesmo com um dos muitos outros clássicos da guitarra que temos por ai.
Aplique os licks em tons diferentes, contextos diferentes e ritmos diferentes e veja como a coisa se transforma.
Mas e as escalas?
Aqui o mesmo conceito se aplica.
Gosta de Rock? Bem, 80% dos solos de Rock tem alguma influência de escalas pentatônicas. Qual seria o caminho mais lógico então?
Aprender pelo menos uma forma da escala pentatônica e começar a usá-la imediatamente!
Conceito básico: Aprenda algo bem simples (um lick ou um shape da escala) e comece a usá-lo imediatamente e frequentemente.
2 – Pratique com backing tracks
Bem, se você chegou até aqui é por que já sabe pelo menos um lick novo e talvez como usar a escala pentatônica (ou outra qualquer) de maneira bem básica, certo?
Jóia! Agora vamos improvisar de maneira efetiva!
Já falei antes sobre o uso de backing tracks na hora de praticar e citei vários sites onde você pode fazer o download de faixas.
Va em um desses sites citados no meu post anterior e baixe algumas faixas.
Dica: normalmente você pode procurar por termos genéricos como ‘Slow blues’, Rock G, etc. Ou fazer uma busca por backing tracks no youtube.
Tudo pronto?
Bote a backing track pra tocar – pode até ser nas caixinhas do seu PC – e improvise usando o lick que você acabou de aprender e a escala (pentatônica ou não) que você acabou de aprender.
Nesse momento existe uma coisa que você precisa se atentar; Tocar no tom correto.
Como descobrir o tom correto pra tocar?
Se você já estiver mais fluente, provavelmente conseguirá deduzir pelo tom da música e mover o seu lick ou escala de acordo com o tom usado.
Caso você esteja tentando improvisar pela primeira vez, não se preocupe com esses detalhes.
Tente o mesmo lick/escala em vários lugares diferentes do braço da guitarra até que soe adequado.
Quando encontrar o lugar correto, veja qual o tom da escala que aprendeu naquele lugar e anote. Compare essa informação com o que souber sobre o tom da música e pesquise qual a relação para responder as seguintes perguntas:
Eu usei a escala no mesmo tom da música? Sim?
Se não, por que que ainda deu certo e soou legal?
Quando concluir esse exercício por várias vezes você já terá um básico repertório para praticar e alguma segurança para improvisar mesmo que de maneira básica.
3 – Grave você mesmo tocando
Se você chegou até aqui – fazendo os passos anteriores – você já pode dizer que sabe improvisar.
O objetivo agora é levar sua improvisação para o próximo nível e a maneira de fazer isso é seguindo um process muito simples. Três passos apenas.
Aprender novo material – Praticar/implementar – Coletar feedback.
Simples assim.
Nesse terceiro passo, você vai por em prática a segunda e terceira etapas de ciclo. Ou seja, você vai tocar e praticar os novos licks/escalas e vai coletar feedback.
Coletar feedback é crucial e normalmente subestimado.
Você deve estar pensando: como eu vou fazer isso?
Muito simples – gravando você mesmo tocando.
Se você tiver pensado em microfonar o seu amplificador, ligar seu amplficador em linha ou coisa do tipo, esqueça!
Você vai usar a maneira mais simples possível: o gravador de voz do seu celular.
Grave o seu tempo de prática e tire 5 minutos para ouvir com atenção. Enquanto tiver ouvindo, veja os pontos que não estão saindo como você gostaria:
Estou tocando no tom certo?
Esta dando pra ouvir cada nota claramente?
Estou tocando no tempo certo?
Anotou?
Agora você sabe exatamente quais pontos você precisa trabalhar para subir de nível.
Anote as partes que não estão 100% e volte à prática sabendo exatamente onde você precisa melhorar.
4 – Toque denovo e evite tocar a mesma coisa
Já que você agora anotou o que você precisa melhorar, é hora de praticar denovo.
Organize o seu tempo, separe quinze minutos e pratique denovo. Não se esqueça de gravar!
Nessa hora tente variar a maneira como você implementa os seus novos licks e escalas, tente variar o tom, o tempo e a ordem em que você os usa.
A partir daí, você vai começar a perceber que as possibilidades são infinitas e essa é a graça!
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Por hoje é só. Poste o que achou ai nos comentários e vamos improvisar.
Abraço.
Jorge