No Free Rides. Dicas para conseguir uma parceria
Uma nova mania relaciona a suposta parceira entre músicos e marcas toma conta do mercado brasileiro.
Por Jorge Lopes. Ainda acho esse lance de parceria um assunto delicado no Brasil.
Acredito que a maioria de vocês que me visitam pro aqui sabem que eu fundei, junto com meu amigo Alisson Rocha, a Django Pedais e lá, entre outras coisas, sou responsável pelos projetos dos pedais desde os primeiros rascunhos do projeto até a versão final enquanto o Alisson toma conta de tudo que é relacionado à comunicação, mídias sociais e tudo mais. Com isso eu posso dizer quase que com certeza que sou o meu maior fã e um dos maiores fãs do trabalho que a gente vem desenvolvendo na Django, do suor que a gente coloca pra fazer a coisa acontecer (e fazer uma empresa honesta acontecer no Brasil é complicado pacas!), e principalmente dos resultados que a gente vem conseguindo a partir desse trabalho. Por conta disso é que quando determinadas coisas acontecem, a gente acaba ficando puto um pouco chateado.

Desde que fundamos a empresa, a mais ou menos um ano, um fato muito engraçado vem acontecendo; Semanalmente nós recebemos de 5 a 10 “propostas”de parcerias por meio de alguns de nossos canais de contato. O mais interessante dessas parcerias é que elas nunca (até hoje) foram apresentadas de maneira concreta, expondo os resultados que determinariam um critério de sucesso que beneficiasse os dois lados. A “parceria” no Brasil normalmente acontece levando em contas as seguintes variaveis: O guitarrista, o seu produto (o qual ele, na grande maioria das vezes nunca usou) e a grande exposição que ele se propõe a fazer do seu produto para, claro, a sua marca e produtos ganharem muita visibilidade.
Mas essas propostas nos mostram na verdade, outro lado que diz respeito a parte dos músicos e aspirantes a músicos brasileiros; a parceria parece uma oportunidade de receber um equipamento por um preço baixo (ou de graça) em troca da propaganda que o músico fará quando falar bem a respeito dele. A atitude parece nobre? Claro que parece!
Vamos falar um pouco sobre os tipos de parceria que o músico pode buscar e algumas ideias de como ele pode fazer isso.
Tipo 1: As manias de Review
A internet está por ai ja a algum tempo sempre nos dando várias oportunidades, nos enchendo de ótimas informações e principalmente nos colocando mais próximos de pessoas sensacionais! Além disso, a internet coloca todo mundo em pé de igualdade de recursos, situação essa que gera uma falsa sensação de que qualquer um pode fazer tudo.
Aliado aos vários tipos de informação que temos disponíveis nós temos os extremamente úteis canais do youtube que tratam de Review de produtos. Mr Brett Kingman e a Chicago Music Exchange são reis nessa arte. No entanto, nós como pessoas sensatas sabemos que não da simplesmente pra você decidir hoje que tem um canal no youtube e no outro dia começar a receber equipamentos das mais famosas marcas pra fazer o seu bom review. É preciso ter relevância, ter audiência e muita gente que acredita no que você diz, ou seja, é necessário muita credibilidade.
Ou seja, inicie o seu canal por meios próprios, cresça e faça-se notar. Assim que você estiver pronto para uma parceria, pode ter certeza que os fabricantes te encontrarão.
Tipo 2: Proposta de Parceria para divulgação
Além dos casos citados acima, temos outros que são provavelmente ainda mais comuns, que são as propostas de parceria para divulgação. Normalmente começa assim:
Cara, legal esses equipamentos que vocês estão fazendo. Eu tenho uma banda e a gente tem tocado bastante. Num anima uma parceria pra eu divulgar o produto de vocês não?
A resposta, muito provavelmente é não, cara.
- Primeiro ponto; Se você não conhece o produto, nunca usou, não o tem, como pode se propor a falar bem dele? Com uma proposta assim, você está passando uma imagem desonesta, e de desrespeito com a marca e com o produto. Muito dificilmente uma marca séria, com real preocupação com os clientes vai querer se ligar a você.
- Outro ponto muito importante para todo músico que pensar em fazer algum tipo de proposta de parceria para uma marca ou construtor de equipamentos: Você está propondo que a marca invista em você, certo? Então se prepare para oferecer ganhos concretos para a marca.
É assim que uma parceria acontece, por exemplo:
Cara, eu posso divulgar o seu equipamento em 20 shows dentro de dois meses, tenho um canal com 2 mil assinantes onde posso fazer um review, no fim das contas pretendo atingir diretamente um número de 3000 mil pessoas para divulgar o seu produto.
Viu? Assim os dois lados estão ganhando em vários pontos, você leva o produto, enquanto a marca que investiu leva visibilidade (de verdade).
Tipo 3: Endorsee; Parceria de exclusividade
Algumas empresas trabalham com o modelo de Endorsee, onde o guitarrista usa exclusivamente equipamentos de determinada marca. Por exemplo, o cara é endorsee da marca X, então ele só usa pedais dessa marca.
Esse tipo de situação é um tanto curiosa, mas muito comum no seu mercado. Pode, com certeza, trazer mais visibilidade para a marca em questão mas, para o bom observador com certeza levanta alguns pontos. Vou deixar um que sempre ronda minha cabeça:
Você já viu um guitarrista que não está sendo patrocinado usar pedais apenas de uma marca?
Tá bom, você pode dizer que já viu vários sets apenas com pedais da Boss, e sim, concordo que eles conseguiram isso. Mas acho que os exemplos param por ai.
Para conseguir esse tipo de patrocínio é necessário que o guitarrista já tenha alguma visibilidade, mesmo que apenas localmente, e que a marca o veja. A partir dai, normalmente a empresa entra em contato com o guitarrista e faz a proposta. É um tipo de trabalho que aparentemente beneficia os dois lados.
As parcerias por outro ponto de vista
A alguns dias, o Anderson de Paulo, o cara por trás da Purple Cases, fez uma rápida postagem no seu perfil particular do Facebook com uma alfinetada a respeito das propostas frequentes de parceria, saca só:

Com uma marca nova e crescendo rápido, a visibilidade de Purple Cases já trouxe vários possíveis “Parceiros” que não perderam tempo e ja entraram em contato com o Anderson. E ai, vai valer a pena?
Cada marca costuma ter o seu jeito especial de tratar as parcerias.
Na Django Pedais, sempre que recebemos um pedido de parceria a gente avalia. No entanto, os critérios são muitos. O cara precisa ser um dono satisfeito de um Django, precisa casar com o que a gente acredita ser a postura e atitudes de alguém pra ser ligado à Django e também ter uma proposta que seja interessante. Se isso não acontecer, sem chance.
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Um ponto importante. Nesse artigo, expresso a minha opinião sobre o assunto e obviamente sei que muitos discordam. Sintam-se a vontade para comentar as suas opiniões nos campos de comentários abaixo.
Um abraço.
Jorge