Os fantásticos Amplificadores Gibson
Por que os Amplificadores Gibson desapareceram do mercado?
Quando você lê sobre bons amplificadores valvulados, quais amplificadores vem a sua cabeça?
Se você for como eu, certamente terá pensando em algo como um bom Fender, Marshall ou um Vox, certo?
Até ai tudo bem. Essas marcas ao longo das últimas décadas se tornaram sinônimos de bons amplificadores. A final, não é à toa que em todo rig de guitarristas famoso lá estão eles.
Mas hoje eu quero falar com você de outra marca (famosa em outro ramo) que fez amplificadores sensacionais, mas por alguns motivos caiu no esquecimento dentro do mercado de amplificadores.
A Gibson.
Gibson? Sim, você ouviu certo. A criadora das Les Paul foi uma excelente desenvolvedora de amplificadores valvulados e uma grande inovadora, responsável por várias tecnologias que se tornaram largamente usadas.
Amplificadores Gibson? Quando?
No inicio da década de 40 a Gibson já estava no mercado, ainda vazio, de amplificadores para guitarra.
Sim! A Gibson precedeu a Fender no mercado de Amplificadores em mais de DEZ ANOS!!
E mesmo assim, hoje em dia, por motivos que vamos discutir, os amplificadores Gibson não são nem de longe mais populares do que os Fender.
No entanto, com certeza isso não aconteceu por falta de qualidade e inovação. Nisso a Gibson usou e abusou e trouxe pro mercado produtos sensacionais na época.
Ao longo de todos os anos em que os Amplificadores Gibson estiveram em produção, foram mais de 70 modelos diferentes produzidos!
Mas alguns chamam a atenção de maneira especial devido aos recursos que trouxeram como grandes novidades na época. Veja só um famoso exemplo:
O primeiro amplificador Estéreo para Guitarra
Produzido entre 1961 e 1967, o Gibson GA-79RVT, foi certamente um dos primeiros (e muito provavelmente o primeiro) amplificador estéreo para uso com guitarras.
Esse amplificador saía da fabrica equipado com dois bons falantes Jensen.
Dentre seus interessantes recursos estava a possibilidade de o amplificador ser usado por dois guitarristas (cada um em mono) ou um só guitarrista, tocando em estéreo.
Aliado a isso, o amplificador trazia um excelente Reverb, que era acionado em apenas um dos canais, adicionando ainda maiores possibilidades de se combinar o sinal limpo e o sinal com Reverb.
A profundidade e divisão produzida por esse amplificador é simplesmente impressionante, devido a vários diferentes fatores, incluindo a construção do seu gabinete, em forma de V.
Por que nunca foram tão famosos?
Os amplificadores Gibson ficaram em produção por muitos anos. Até meados da década de 90 eles eram produzidos nos EUA pela Gibson.
No entanto, apesar das várias inovações que trouxeram e do sucesso que tiveram nas décadas de 40, 50 e 60, o sucesso decaiu e eventualmente eles saíram de produção. O motivo pelo qual isso aconteceu é até hoje debatido, mas algumas razões são evidentes:
Marketing Gibson Vs. Fender
Um dos principais fatores atribuídos à queda de popularidade dos amplificadores Gibson foi a falta de um marketing efetivo para competir com o que era feito em marcas como a Marshall, Vox e principalmente a Fender, que eventualmente dominou o mercado americano.
O marketing usado pela Fender era direcionado (Em diversos níveis) aos mais diferentes tipos de músicos e oferecia uma linha de produtos variável e de boa qualidade, o que fez explodir a popularidade da marca no mercado de amplificadores.
Ao mesmo tempo, o marketing feito pela Gibson era praticamente inexistente no mercado de amplificadores, uma vez que a empresa continuava focada na divulgação e venda das suas Guitarras e Violões que são até hoje a principal receita da empresa.
Contato com os músicos
Outro ponto importante foi o fato de que para muitos, a Gibson deixou de ouvir os músicos da época enquanto a Fender parecia atender a cada solicitação dos músicos da época.
Enquanto a Gibson continuava focada em criar os produtos que eles achavam que era o necessário no mercado, a Fender estava focada em estreitar relações com os músicos de estrada que eram os grandes clientes e influenciadores.
Timbre limpo Vs. Distorção
No fim da década de 50 o Rock ‘n’ Roll já começava a despontar em alguns lugares, junto do Surf Music e do Blues.
Esse foi outro ponto onde a Gibson parece não ter entendido o mercado:
Enquanto a Fender e outras marcas começaram a mostrar seus amplificadores como alternativas para grandes volumes limpos e distorcidos, a Gibson se orgulhava em oferecer amplificadores essencialmente para timbres limpos.
Os melhores amplificadores Gibson?
No meio especializado existem diversas discussoes sobre qual o melhor amplificador fabricado pela Gibson.
Temos vários modelos diferentes competindo pelo premio de melhor amplificador da gigante das guitarras. Dentre esses modelos temos vários pioneiros que acabaram se tornando inspiração para modelos de outras marcas.
Um caso famoso é o 1956 Gibson GA-5 Les Paul Junior cujo projeto é exatamente igual ao Fender Champ lançado posteriormente pela Fender.
No entanto poucos amplificadores da Gibson recebem tanta atenção e elogios de quem já usou quanto o Gibson GA-40 Les Paul.
Gibson GA-40 Les Paul:
O Gibson GA-40 Les Paul foi lançado ainda na década de 50 entregando grandes 40 watts de potência em um gabinete lindo equipado com um Alto Falante Jensen de 12 polegadas e imãs de Alnico 5.
Com um acabamento marrom em dois diferentes tons, o GA-40 realmente da a impressão de ser um equipamento de luxo e altíssima confiabilidade. Ao longo dos anos houveram algumas variações nos acabamentos, mas todas elas mantiveram um efeito final muito bonito.
E os amplificadores Gibson atualmente?
Recentemente tivemos boas notícias quando, no fim da década de 90 a Gibson resolveu comprar a empresa Trace Elliot (localizada no Reino Unido).
A partir de então o que antes era a Trace Elliot passou a ser uma nova divisão da Gibson responsável por desenvolver e trazer de volta ao mercado os ótimos amplificadores Gibson adotando uma nova estratégia de mercado e de produto.
Um dos novos modelos já lançados é o Gibson Super Goldtone RV35 que além de ser visualmente muito bonito, traz de volta a configuração com um faltante de 12 polegadas e outro de 10 polegadas, adicionando uma camada extra de versatilidade.
A ideia atual da Gibson é trazer ao mercado ótimos designs de amplificadores a preços competitivos e com excelente qualidade de construção. Fiquemos de olho no que vem por ai e no que já está disponível!
Conclusão:
Os Amplificadores Gibson tiveram um papel fundamental no desenvolvimento tecnológico dos amplificadores nas décadas de 40, 50 e 60.
Com a compra da Trace Elliot eu acredito muito que os caras vão conseguir voltar a contribuir positivamente para o desenvolvimento do mercado de amplificadores.
Temos que ficar de olho no que vem ai!
E ai, o que vocês acham? Ainda da tempo pra Gibson contribuir ou já ta tarde demais?
Comenta ai!
Um abraço.
Jorge